segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Falando de amor




Meu primeiro amor morreu
Foi-se
Foram-se o segundo, o terceiro
Desapareceu o quarto
Perdi o quinto, o sexto, o sétimo
Nenhuma notícia do oitavo, do nono
São vários os amores que perdemos
Todos eles, um dia, se vão
Como chuva e trovão
Inevitavelmente
Sua umidade permanece por um tempo
mas também se vai, aos poucos, sumindo de mim
Que fico seco e sem marcas.
O amor foi feito para ser como a chuva
Para umidecer a terra seca do coração
Daí por que vem e vai
Em temporadas de estio e inverno


O amor é o Nilo de nosso íntimo Egito
É preciso parcimônia, mesmo que se nos devore,
Para que também não se afogue o peito
E não nos tornemos inundação.
O amor deve ser como o trovão
Ensurdecendo a alma cega pelo relâmpago
que Ilumina o caminho do amante
e também sumindo, breve, fugaz
deixa aquele gostinho de fogo
aquele lampejo, arrepio
na língua eternamente carente da alma que ama.