Dedicado a um poeta em depressão
Os poetas são animais em extinção
Tombam como
sibipirunas e jacarandás
Rarefeitos como ar puro
Vão-se feito
ararinhas azuis... minguando.
Carecem de que se lhes dêem o valor
de sua raridade
Somem-se em vez de somarem-se
E nisso vai-se também
nossa alma
apaixonada.
È preciso preservar os ipês e
os poetas
As Baleias e os versos
A ética e o tigre albino de Pequim.
É necessário proteger
a mata atlântica
E resgatar os bons sonetos
Tornamo-nos tristes sem a poesia
Temos mata , rio
e bicho em
nossa alma
E se matamo-los fora
de nós
Morremo-nos também inteiramente
Sobrando-nos a assustadora possibilidade
De rimarmos o deserto
ante nossos
olhos