À maneira
de Manoel de Barros
Sinto as raízes cantando
no tom
do lodo e das pedras
o cheiro
doce da luz
das rãs
a carne
farta da terra
anoitecendo nas gias
lesmando o sonho ...desacordar .
Amanhecerei orvalho
entardecerei riacho
anoitecerei no teu
suor
madrugarei tempestade
serei semente
vibrando ao sol
borboletando no cio
do faz-de-conta
que não
tem fim
e ao me
perder , criar limo
Sei do desgosto
de ser capim
O desandar
das lagartas
pelas goteiras
da alma
sinto encharcar-me da calma
de quem
sabe que trilha
seguir .
o deslizar nobre e seguro
das cobras
d' água no pantanal
ei-la, tocaia
no meu quintal .
Se sabe a cruz ,
sabe a chaga
de quem
conduz pela espada
de quem
tem fé justo
por não
crer
na paz
das almas marcadas
no chão
das crias aladas
no que
se passa antes
de chover
Vem ver a noite emprenhada
a cor
da estrela abortada
na marca-gosma das lesmas .
vibra na parte
e no todo
num pergaminho
de pedras :
o amor .
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