“viver não é para amadores”
Pondere
Não é hora de alimentar as larvas.
Vê como se arrastam pelas pedras?
Ainda há pouco havia estrelas
e chovia sobre o soluço dos batráquios.
Agora há poças no pátio onde adormecem
homens seminus que nada esperam
além do frio.
Talvez seja sempre inverno
e nenhuma primavera mostre os dentes.
A esperança é filha bastarda do talvez.
Reconheça o grande esforço das monções
em afogar o gado e as plantações de arroz
Nada sobrevive à falta de incentivo,
nem mesmo as larvas sobre as pedras
dispensam alimento
Talvez a tua própria carne apodrecida
ou tua pele esticada no curtume
deponha sobre ti,
em como não fizeste o necessário
e por essa razão perdeste o senso
o rumo, o prumo
a hora exata.
Agora é o tempo do sonho
e os rios mansos começam a correr,
arrastando os sorrisos das crianças
e os olhos frios dos peixes
para a boca salgada de oceanos desconhecidos.
Pondere
Nada é mais real que a fantasia.
Nada mais concreto que a máscara.
Todo o resto é possibilidade
apenas possibilidade
como um gato vivo e morto
arranhando uma caixa
num mundo de surdos.