sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Dono de mim















Perdoa, amor, se não te trago flores
Nem perfume de raro olor
ou singularíssimos odores;
se não te mostro dentes brancos,
roupa de linho, mãos macias; perdoa
se não te toco como o hálito de um deus
ou se não rio o riso de um encantado.
Perdoa, amor, se não te ofereço conforto
consolo, aconchego, carinho e colo.
Perdoa se caos e não sossego,
se não tenho nada daquilo que esperas,
se não sou realmente aquilo que projetas,
se não estou propício a ser e ter o que te agrada,
pois sou dono de mim.

Perdoa, amor, se não tenho palavras raras,
se minha língua baba mais do que o devido,
se meu suor é mais visguento que o preciso,
se meus pés correm mais caminhos que os avisos
de não correr, de não suar e de não babar.
Perdoa, amor, se meus limites vão além do teu infinito,
se sou muito maior que o teu incabível,
se minhas asas te importunam, causam espirros,
se não posso nunca ser o que pensas que precisas
Perdoa, amor, por amares em mim o não tido,
por portar a nódoa, a marca, a mácula das ruas
e por trazer as mãos sujas do barro do real,
pois sou dono de mim.







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