Quando
observo a água calma do Paranoá
penso
em ti, profundamente...
que
segredos guarda a tua consciência?
Que sentidos
dás às tuas desistências?
Nesse
território em que pisas com volúpia
todas
as descobertas
-
mesmo as vãs, as vagas
as
parcas, as miúdas, as vesgas –
tornam-se
marcos, marcas
que tu
celebras e compartilhas.
Mas te
pergunto, alma rara amiga,
que
fazes tu com teus demônios?
Eles
que se abrigam
nesse
latifúndio que é teu coração.
Que me
dizes? Anda, fala!
Que
te mostram quando dançam
sob
teu peito que pulsa alucinado?
Que te
trazem quando à noite vagas
pelas
luzes da metrópole iluminado?
Que
são deles quando dormes?
Com que
sonhas, quando sorris?
Que
pesadelos caem sobre ti quando tremes?
Na
certa, assustado, negar-me-ás teu relato
e, como
Numa Pompílio, o enterrarás
para
que o arado de outro possa
vir
um dia, quem sabe,
conhecer
teus segredos
tua consciência
tuas
desistências
teus
medos
todo
o perigoso mundo dos desejos
e identificar-se
com teus demônios
esses
mesmos que se mostram
na
água calma do Paranoá.
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