segunda-feira, 17 de março de 2014

Poema para uma fotografia do jovem Ginsberg


               













Por onde andam teus olhos, judeuzinho triste?
Pra muito além da terra, da água, do fogo e do ar
no sagrado mistério da poesia?
ou  a tristeza  que vejo é mera formalidade ?
Esses teus olhos que se fixam na lente e em mim
sob vinte e três voltas no sol e grossas lentes pra tua miopia
vêm de longe, de eras, dos portões da ira juvenil
ou será que brilham na chama do tigre místico, sob o sol?

De onde? Para onde? A luz da cabine fixou
para sempre a imagem de teus olhos tristes
 ou a tristeza está em mim que em ti a projeto e te desejo?
Meu judeuzinho alegre e tresloucado
sinto sua presença em cada desejo do belo
Do bom, do báquico banquete de estar vivo
Sinto sua barba roçar a minha num abraço terno
e me vem um desejo imenso de reinventar a poesia
e também brilhar, como um tigre místico, sob o sol.



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