terça-feira, 8 de abril de 2014

Elegia a Narciso


 
















Meu coração é o despertar de ventos
um turbilhão de feras em conflito
a escuridão cruel de um precipício
um deus que estraçalha os seus rebentos.

Meu coração pagão tem seus momentos
de libações, de preces, sacrifícios.

Meu coração, que acalmas com teus beijos,
em tua ausência é terra devastada
às vezes, quando voltas, água calma
e quando partes, vagas, pesadelos.

Meu coração carrega em si desejos
de ver-te em mim e em ti a tua amada.

Eu busco ver em ti o meu semblante
já que o que vejo em mim é o teu sorriso
tu és o meu espelho, eu teu Narciso
tu és a virgem trilha, eu viajante.

Eu busco ver em ti o meu sorriso
já que o que vejo em mim é o teu semblante.

Um comentário:

  1. Nossa mãe! Que coisa linda! Professor, não é um petrarquiano. É quase shakespeariano. Há um dístico a mais. Como podemos denominá-lo na forma? Sua fã incondicional. Abração.

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