quinta-feira, 24 de abril de 2014

Fim


        










  Para Pedro Nava




Quero morrer num banco de praça
Sob enormes árvores, muita sombra
E um vento úmido envolvendo meu corpo frio.
Ser encontrado assim, cabeça pendendo
No banco da praça, num parque
no vazio de uma tarde de outono
com folhas secas voando a minha volta
como pequenos pássaros esquálidos
e o canto de cigarras amarrando pégasos
borboletas azuis carregando raios de sol
Não serei nada além do estranho corpo
olhos semi-cerrados
um leve riso nos lábios
descansando, finalmente, dessa chatice
Que é viver uma vida alheia
Uma longa vida alheia
E agora, o fim no banco de uma praça,
Como Nava, como um nada,
Livre de todos os desejos
E todas as frustrações
Descrente de todos os milagres.


Um comentário:

  1. "...descansando, finalmente, dessa chatice
    Que é viver uma vida alheia
    Uma longa vida alheia..."

    É isso. E me pergunto: O que fiz da minha vida?

    Grata, Leo; por muitas vezes um leitor da minha alma.

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