quando se salta
do décimo segundo andar
não se enxerga o
sol
o mundo é negro
como o asfalto
que acolhe num
violento abraço
aconchego, remanso
a rigidez do
meio-fio
a sujeira da
calçada em obras
um dente
ensaguentado na sarjeta
Um céu sem nuvens, azul, despido,
o sol brilhando
nas peles oleosas de Copacabana
e Nossa Senhora
recolhendo os pedaços
do suicida em
sua avenida
Alguns velhos
anseiam o sol
por um pouco
mais de vida
Deve mesmo ser
assim:
Quando se salta
do décimo segundo andar
não há outro
anseio
que não o brilho
da escuridão.
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