terça-feira, 29 de abril de 2014

Balada para o suicida de Copacabana
















Fotos de João Gabriel Almeida



Deve ser assim:
quando se salta do décimo segundo andar
não se enxerga o sol
o mundo é negro como o asfalto
que acolhe num violento abraço
aconchego, remanso
a rigidez do meio-fio
a sujeira da calçada em obras
um dente ensaguentado na sarjeta






















Um céu sem nuvens, azul, despido,
o sol brilhando nas peles oleosas de Copacabana
e Nossa Senhora recolhendo os pedaços
do suicida em sua avenida
Alguns velhos anseiam o sol
por um pouco mais de vida
Deve mesmo ser assim:
Quando se salta do décimo segundo andar
não há outro anseio
que não o brilho da escuridão.

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