sábado, 8 de dezembro de 2018

A lâmpada encantada




















Sim, o amor é piegas
e, mais que ridículas,
suas cartas são piegas.
Seus poemas, toscos
seus versos, clichês
rasteira, sua própria ideia
Chã, vazia
e, às vezes, vã.

O amor é uma rã no deserto
afundando na areia
no mais puro desespero
Um cristalzinho derretendo-se
na estrela mais distante
e fria, fria, fria...
Uma sereia que se afoga
e lentamente mergulha
na escuridão do abismo
na mais profunda solidão.
O sinal de ocupado no telefone
No banheiro do avião
Na fila do caixa
O amor é sempre espera,
ansiedade e impaciência.

Mas, sim, o amor é piegas
E suas cartas, mais que ridículas, piegas
E todas as suas declarações, clichês

Um perfurar constante
Um gotejar permanente
Um esfolar-se em gozo
O amor é assim, desconcertante
como um santo puto e louco
que se masturba na abside
em silêncio e sacralidade
sob a benção do senhor dos danados
e da perdição desejada
como a mariposa que se queima
que se imola

no calor da lâmpada encantada.

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