quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Poema para Raimundo Correia



Sofra o coração, embora!
Sofra! Mas viva! Mas bata
Cheio, ao menos, da alegria
       De viver, de viver!



Ah, Correia, meus pombos que não voltam
e por não voltarem eu que me acabo
e vou-me entre brumas de cigarros que não fumo
e com notáveis fumos de defuntos que evaporam

Ah, Correia, meu poeta dos pombais desertos
eu com meus oníricos desenhos tediosos
suspirando o tédio úmido dessa chuva que não cessa
e que por não cessar vai me afogando

Ah, Correia, se soubesses o quanto dói não ter mais pombas
e assim, sem asa ou vôo, seguir telúrico
chafurdando o que era sonho em lama e limo e lodo
apoiado no pombal vazio desses anos
agora, mais que nunca, pombal, pombal




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