Eu me lasco mas faço uma ferida
No
toitiço da velha madrugada
Zé Limeira
Não há
galos, nem teias
Há
lábios cansados, ideias,
e o
demônio em flor e vento
construindo
um mundo de tormentos
Eia,
meu cavalinho de enxofre e jasmim!
Eia,
troteando de-cindido e vagarzin
num
caminho sem começo, beira ou fim.
Toda
tessitura é sofrimento
cosido
por estar e ser no espaço-tempo
O
melhor da luz é sempre a sombra
O
temor da sombra é sempre a luz
Eia,
cavalinho de espora e pés fendidos!
Eia,
vai marchando serelepe e comovido
sob o
claro dia escuro que há em mim
A
insubstância afiada da luz
proto-foto-faca
a penetrar-me
acende-me
na volátil escuridão brilhante
turvo,
pasmo, tardo a ver-me
verme
luminosamente pardo, Nardo opaco
Eia,
cavalinho sujo e perfumado!
Eia,
galopando o espanto pelos prados
sem
horizonte ou muro ou vala ou cerca
Ardo
na manhã sem teia,
sem
galos a ciscar na areia
Eu-sol,
eia cavalinho!
Eu-solidão,
eia alazão!
No
aniversário de Mário de Andrade.
Aos
meus companheiros de cavalgada.
Nos dentes: https://soundcloud.com/l-o-almeida/nardo-opaco
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