sexta-feira, 16 de maio de 2014

Considerações acerca dos Ipês

Tu, maiacovski no cerrado,
Que me fitas em arrogante vaidade
Não imaginas o lugar em que me jogas
Ó violência amarela nas retinas
Apolínea ereção que me fustiga
Me cegas na seca que me cerca
Tu, vlaidoso vladimir amarelo,
Cíclica presença da aparente morte
Exibindo-te revelas minha pequenez.


Tu, blusa amarela da botânica
Irrompes em virulenta epifania
Pra que eu, metafisicamente de joelhos,
Possa adorá-lo com espanto, na afasia
Doce bala laica que profano
No sagrado deleite do olhar
Tu, perfeição, pecado, engano
Que a gula da visão vem  devorar



Tu mostras o natural destino
Da beleza que carregas e que invejo
No frescor de tuas folhas que admiro
Dança o vento quente seco que renego
Tu, russo poeta feito árvore
Nuvem que calças cobrem e oculta
Mostra a novidade de ser belo
No amarelo farto do estar vivo
Doce laica bala que mastigo
Leigo é o meu contentamento

 Perco-me no meu próprio castigo
 Não ser Ipê, poeta, nem ser vento.

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