sábado, 31 de maio de 2014

Quatro cantos de amor - Canto I







Enquanto o rei descansa em seu divã, meu nardo exala o seu perfume;meu bem-amado é para mim um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios;
                                                                          
Cântico dos cânticos, 1





Canto I

Olha, amor, a manhã surgindo imensa e mansa
Como manso e imenso o meu coração sem medo
Feito um barco calmo ondulando
em tua respiração vou navegando.
Sente o perfume de nardo em seu peito ?
Há pouco, fúria, fome e gozo
De prazer um mar revolto
Arrastando margens, praias e sereias
Nossos cascos, crinas e galopes
Num pasto proibido e desejado.
Dois cavalos mastigando o vento
O capim desse desejo então sagrado.
Agora, a mansidão do sono afetuoso
Em repouso,  teu arco viril jaz perfumado
De minhas cordas tensas, agora mudas
Ansiando a vibração do toque virtuoso
Vê, amor, a noite, em nós, ainda persiste
na acesa brasa que seu cheiro sopra
Em combustão incendeio a calmaria
E seguimos nós compondo Sinfonias



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