Minha pomba, oculta nas fendas do rochedo, e nos abrigos das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz. Tua voz é tão doce, e delicado teu rosto!
Cântico dos cânticos, 2
Reconheço o teu cansaço, é meu também
Preenche cada espaço que me
resta
Vem, descansa em mim seu
corpo inteiro
Os fortes braços meus te
enlaçarão
Como envolve o teu a cada
movimento
As fibras todas do meu
coração
Como cada um dos meus frágeis
pulmões
Carece da vazão de teu
oxigênio
Pousa, pois, a tua barba em
meus mamilos
E deita entre minhas pernas a
tua mão
Percorre minhas brechas, gretas,
brenhas
Perscruta, como um lavrador,
um campo virgem
E como um caçador a mata estuda
E sobre mim, tua mata e campo
demarcados
Retesa o teu arco e deita o
teu arado
Que eu, flor viril, te darei
cheiro, caule e pétala
E tu, meu jardineiro,
cuidarás de cada florescência
Alimentando minhas raízes
escondidas
Com a seiva rara e rica de
teu tronco.
E no fim, fera abatida por
tua seta
Serei com prazer também teu
alimento
o meu destino nos teus dentes
transcendendo.
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