Metamorfose de Narciso, Salvador Dalí
E então minha alma servirá de abrigo
com
este familiar estranho que me tange as cordas
que
me vibra o sino, que percute o couro
e
que segue em silêncio ensurdecedor
no
oco do oco do oco de mim
encalacrado,
soterrado, mas que
nas
arestas do dia que é noite
garimpa
pepitas doídas em jazidas insuspeitadas
e
que, revertendo o tempo, segue pelo avesso
tutanos
à mostra em cada verso
a
alma oculta, latente, no manifesto
tendões
retesados, olhar crispado
espanto
e espera.
Este
que crava as unhas na escamosa serpente
que
desliza, buscando a luz, por minha cervical
é
meu melhor amigo, meu pior inimigo
quem
me impede de topar comigo
e
quem me impele a topar comigo.
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