Não
há paz na página
Paco Cac
Não há lamento que persista na
barba do tempo
tudo se dissolve nos segundos
mesmo a dor, e seu imundo
sentimento,
se vai nas estações se sucedendo,
perdendo-se no olvido mais
profundo
Das eras, nosso sonho é o
excremento
que deixa seu odor em nossa
história
Nada, absolutamente nada será
sempre
seremos simplesmente nada
pós-saudade
Disseram que você conseguiu
finalmente
a viagem, a passagem, o sono, a
voragem
conseguiu ser seu dono e seu
carrasco
Disseram que se foi tão só quanto
chegamos
e
que seu sorriso não mastiga mais nossos olhares
que seu olhar não mais nos vê
sorrir de volta
Eu sinto o calafrio da ausência
ainda presente
a poesia manchada em sangue frio
e triste
e a falta dos projetos sempre em
pauta.
Um dia, alguém vai comentar sobre
os seus versos
ou sobre o seu instável estado -
que era o seu estilo
e, assim como Bandeira, vou
sorrir pensando em ti
no seu sorriso largo que não mais
mastiga o vento
no seu olhar-imagem que se perde
em meus neurônios
na tua vida, enfim, que agora é
só lembrança.
Que comovente, Leo! Não resisti. "Não há lamento que persista na barba do tempo
ResponderExcluirtudo se dissolve nos segundos
mesmo a dor, e seu imundo sentimento,
se vai nas estações se sucedendo," É isso, e somente isso.
Bonito demais, Leo.
ResponderExcluirMuito bonito, Professor.
ResponderExcluirA dor de uma perda é farpa aguda sob a unha esgarçada da memória. Um abraço, poeta. Bela homenagem.
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